A guerra na visão de uma guerreira, por Caio Coletti e Lucy Williams
Ela veio do alto. Não pode deixar de pressentir o desespero e a desolação que se espalhava por aquele eterno e fugaz campo de batalha. Não pode deixar de seguir o próprio instinto.
Andou tranqüilamente, sem conseguir sentir o frio da neve sobre seus pés descalços, passando entre aquelas duas trincheiras de inimigos que se enfrentavam sem saber, e sem se importar, com a razão pela qual disparavam aqueles tiros. Soldados defensores, cada qual de sua própria pátria, que batalhavam entre si, em vão, com incansável bravura e voracidade.
Estirados no chão, caídos sobre a cobertura branca da neve maculada por violência e pelo vermelho do sangue, os mortos eram os que mais descansavam naquele descampado. Haviam cumprido sua missão. Se sucumbiram ante a arma do inimigo é porque tiveram a coragem de sair da proteção e da companhia de seus colegas. Tudo em nome de uma guerra que agora, para eles, estava perdida.
Ela se limitava a observar, mais impotente a cada passo, vendo as balas perfurarem o ar para atingirem o nobre tecido sobre os peitos daqueles combatentes. Tiros frios, calculados, sem pensamento e, por isso mesmo, sem culpa. Armas perfeitas. No meio do caminho, na corrida desembaladas, soldados eram jogados para trás e se juntavam aqueles que já haviam se perdido em meio ao caos. Partiam para um lugar que, é claro, lhes parecia bem melhor.
Observando tudo isso de sua posição passiva e impotente, ela, a inexorável e inevitável morte, passava ilesa. E até mesmo ela, que de tudo já tinha visto, não pode suportar tamanho horror. Chorou.
Só lembrando: para quem quiser ter um texto publicado por aqui, basta mandá-lo para o e-mail ce.coletti@hotmail.com e os melhores serão com toda a certeza publicados. O melhor para vocês e até mais!
3 comentários:
Nossa. ._.
Primeiro, parabéns para o autor, porque o texto, além do tema, tem uma estrutura ótima p/ leitura, sem falar da clareza e descrições impecáveis (na minha opinião).
Ironicamente, a morte é a única sobrevivente certa de uma guerra.
O último parágrafo foi genial! Parabéns!
Ah, e eu vou linkar e seguir.=)
www.hoppipollablog.blogspot.com
Queridos amigos avassaladores...
na segunda grande guerra, a participação feminina foi expressiva em campo e em terra... Nas mais diversas atividades em campo de batalha, nos comandos estrategicos ou nas fabricas e hospitais as guerreiras deram um tom mais humano aquela tragedia...
O olhar feminino dá novas cores a qualquer evento historico...
Viajei agora. Como é triste a guerra.
Elogio sim, o texto prendeu e deu para sentir um pouquinho de como é a guerra. Claro que, aqueles que sofreram na pele é que sabem bem.
Os soldados realmente devem atirar mecanicamente, chega uma hora que é preciso ficar totalmente frio para conseguir seguir com algo assim.
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