Menina do balaio, por Vinícius Neves
Ela andava tão tranquilamente.
Estava ali, na minha frente, talvez a uns cem passos de distância. Eu podia sentir o cheiro dos seus cabelos.
Seus vestido era branco, do mais puro algodão, cabelos castanhos e ondulados, a pele branca, nenhum traço em especial, era uma garota comum, simples, mas pra mim ela exalava algo que só meu coração soube sentir.
Ela andava e sorria, sorria e andava.
E eu a amava e a via, a via e amava.
Ela carregava um balaio no braço direito, e ia colhendo flores no meio do caminho, em direção à um grande eucalipto.
O vento soprava de leve sobre seu corpo delicado, e ela dançava descalça com ele, se emaranhando entre folhas e raios de um inicio de final de tarde.
Estava um clima gostoso, o sol tinha sido gentil em ceder apenas o calor necessário. Até hoje acredito que ele a fitava da mesma forma que eu.
Quando ela chegou perto do eucalipto, passou levemente seus dedos com carinho ao seu redor e sentou ao seus pés. Pensativa, dobrou o joelho sobre o peito e apoiou o braço esquerdo ali, deixando o balaio de lado, e apoiou o seu queixo em cima de sua mão esquerda, olhando o mais longínquo e profundo possível para o horizonte. Com um olhar distante abaixou o rosto entre as pernas e começou a soluçar em pleno pranto.
De onde eu estava, senti meu pé grudar firmemente no chão e o outro a querer seguir sua direção, em direção ao balaio, das flores, da sombra do eucalipto, dela.
Ela me viu com o canto do olho, enxugou as lágrimas, e me deu o sorriso mais lindo que eu já vira em toda a minha vida e me disse quando cheguei mais perto:
- As flores são pra lembrar que a felicidade é como elas, são belas, são agradáveis, podem morrer, mas sempre se pode plantar novamente. Quando olhei longe no horizonte, é pra lembrar que tenho um futuro inteiro pela frente. O eucalipto é meu lugar de descanso, aqui eu posso contar tudo pra ele, que ele não vai me julgar, não vai dar palpite, vai simplesmente estar do meu lado me dando sombra, às vezes é só disso que a gente precisa.
- E a dança?
Sorrindo a garota respondeu:
- A dança não tem um significado específico, eu poderia ir correndo e chorando até o eucalipto, mas preferi ir dançando e colhendo flores - que são como o amor; a dança foi só pra dar mais ênfase que mesmo com os problemas, ainda posso fazer da vida uma eterna e graciosa arte.
Vinícius Neves é o autor do blog A Vingança Sorridente do Jack, onde publica seus pensamentos, contos e textos em geral, e o primeiro colaborador externo do Conto do Galo.
3 comentários:
Lindo. Mais lindas ainda são as imagems que o autor descreve, aliás, com bastante delicadeza e fluidez. Parabéns, Vinícius (viiiu, agora eu achei o nome do autor XD).
Caio, jah enviei o texto (apesar de ahcar q enviei o errado), obrigada. =)
www.hoppipollablog.blogspot.com
nunca podemos deixar a tristeza nos abater. é bom ter um sorriso no rosto por mais dificil que seja a situção
A melhor coisa que eu já li nesses últimos dias. Muitos parabéns. São raros os textos que me dão esse feeling. Muito bom...
Beijos
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